parte 3/9 de Perguntas Infrequentes, ciclo #1

are you (…) familiar
with the things you wanted?
— able now to take it all in,
making peace with every hole in the story?*

respostas

CM: Sim, completamente.

JG: Tarefa e consolo do envelhecer.

AE: Tenho essa sensação de que as experiências continuam impressas no corpo. Algumas se atualizam, se transformam, outras não. Nesse momento não sei se paz seria exatamente a palavra, mas é isso o que eu acredito que seja envelhecer bem: conseguir permanecer em um estado mais ou menos estável nessa sensação de que tudo está no lugar, embora, sim, haja a falta.

CR: O buraco ainda não é de todo familiar, ainda tenho medo dele. Um sutra de mil anos diz que forma não é mais que vazio e vazio não é mais que forma. A busca é fazer as pazes com o vazio e, por contingência, com a forma.

LE: Sim, tenho familiaridade com as coisas que eu quis, mas não diria que estou em paz com o buraco na história. Não se estar em paz com a violência. E ser mulher é ser constantemente violentada. Eu não quero estar em paz com essa aspecto específico da minha existência.

MA: Somos os buracos da história, exatamente o inverso do anjo de W.B.
que não está olhando para lugar algum porque ali o tempo não existe.

PPR: Tudo me é tão estranho quanto natural, a história é toda buraco porque as coisas não têm paz nem guerra, as coisas se transpassam.

JC: O sagrado é hereditário.

* Algo como “As coisas que você desejou são familiares a você? Você é capaz agora de guardar tudo dentro de si, fazendo as pazes com todos os buracos na [sua] história?”. Resposta: sim, mas moro nos buracos.